Podem-se procurar mil e uma filosofias;
pode-se ir ao encontro de múltiplas religiões,
sabedorias, conhecimento, ensinamentos; pode-se
estudar e aprender conceitos e técnicas e modalidades
de vida… mas, sempre faltará ao homem alguma coisa,
se, não buscando, não for ao fundo de si mesmo.
Este é o grande desafio que se vive hoje, num momento
de existência tão complexo: um momento de existência
de fim de ciclo. Nunca o saber e o conhecimento
estiveram numa escala tão elevada ao dispor do ser humano,
contudo, não assistimos no dia-a-dia, à construção de uma
sociedade mais justa, mais fraterna, mais livre.
Paradoxalmente, até,
a realidade é, sob múltiplos pontos de vista, cada vez mais
desigualitária e,
consequentemente, o homem tem menos liberdade, condicionado
por factores económicos, sociais e políticos, que conduzem à
exploração do outro por qualquer preço. A aldeia global em
que
vivemos não é fraterna nem solidária.
Porque razão é que isto sucede? Sucede, porque não basta o
conhecimento, a teoria e o saber. Sucede, porque é necessária
a transformação do homem – e essa é a revolução que ainda
não se concretizou.
O saber e o poder sem a consciência são, tal como observamos
hoje,
extraordinariamente perigosos. Sem uma consciência
amadurecida
pela análise pessoal e a introspecção não pode o homem
construir uma sociedade mais justa. Pode-se até gizar o plano
ideal de uma ideal sociedade perfeita – mas, não tendo o
homem,
em larga medida, atingido um nível de amadurecimento
não é possível construir um mundo onde o equilíbrio e a
justiça
sejam reais.
Por isso, nada é mais importante do que a maturação do ser
humano.
A verdadeira escola é aquela que nos ensina a pensar e a
inteligir
em nós mesmos o que no mundo está em desarmonia. Mudando-se
o homem – transformando-se verdadeiramente de uma forma
radical –
a sua individualidade nova trará um acréscimo de equilíbrio
para o mundo.
É o amadurecimento de cada um que pode revolucionar o
presente
e o futuro. Os tempos pedem, exigem, uma alquimia a cada
homem;
e esta alquimia não se encontra, como lição, nos manuais –
ela carece
de uma transformação de natureza interior, pessoal, única, e
intransmissível.