6. Vereda

A principal missão do homem, em sua vida, é dar à luz a si mesmo e tornar-se aquilo que ele é potencialmente.

       Doutrinas, dogmas, ou rituais, ou livros, ou templos, são somente detalhes secundários. Nós somos o que imaginamos ser. O facto de existirmos é determinante para que possamos actualizar a nossa potencialidade. Daí a importância da palavra e do pensamento positivo como forma de impulsionarem uma transformação significativa, dando luz a um novo ser nascido da potencialidade que cada um de nós traz para a sua vida.
É verosímil e provável que tenhamos consciência de que, ao longo das nossas vidas, não só nos vamos modificando e crescendo, como, não raro, em determinados momentos, temos consciência de darmos à luz um novo eu. Isto acontece, sobretudo, após um período, que pode ser longo, de análise e estudo do ser; ou como resultado de circunstâncias, que tantas vezes, à partida, pareceram adversas ou desprovidas de sentido claro. São veredas insuspeitas, estes caminhos que a Vida vai escolhendo para nós e que permitem uma verdadeira transformação interior.
Mas, nada disto, neste processo, é secundário. Verdadeiramente, ele é essencial - é mesmo o que de mais importante podemos fazer com as nossas vidas, com o facto real, objectivo e concreto de existirmos. Na sua essência, o homem detém a capacidade de progredir e de se aperfeiçoar. É a isto que visa a existência, o estudo e o saber. A sabedoria é, em particular, a consciência que o homem tem de que pode, a cada passo da sua vida, melhorar e progredir, transformando-se.
Não há missão mais importante, excluindo, naturalmente, o que são as nossas responsabilidades pessoais e colectivas na nossa vida em sociedade. Mas quando o homem encontra tempo e disponibilidade para si mesmo, tudo à sua volta se conjuga de modo a dar- lhe verdadeiras oportunidades de transformação.
Será que para isto é necessário um recolhimento e uma situação privilegiada? Claro que não. A Vida na sua grandeza providencia a todos nós o espaço-tempo necessário e adequado para serem operadas as mudanças, tanto que estejamos conscientes, que despertemos, para a necessidade de melhorarmos, de nos aperfeiçoarmos, de progredirmos. Para isto acontecer, basta querer e basta entender que o objectivo do ser humano é o aperfeiçoamento decorrente do ganho de consciência.
Não há momento mais belo na vida, que não aquele em que tomamos consciência que somos uma nova pessoa acabada de nascer com todas expectativas e potencialidades de um ser novo sobre a Terra. Desperta em nós um novo olhar sobre as coisas e a realidade e percebemos que pensamos e sentimos diferentemente do que pensávamos ou sentíamos há uns meses ou há uns anos atrás. Despertada uma nova consciência e um novo ser. posicionamo-nos na vida com um outro sentimento mais robusto, mas também mais jovem, que nos torna empreendedores e receptivos a diferentes desafios e a diferentes situações. Jorra, então, em nós uma frescura de Primavera recém chegada e acreditamos que temos forças antes insuspeitas. É um júbilo e um alegria. Como perante qualquer nascimento, sentimos amor e ternura por nós próprios, e entramos na vereda novíssima da realidade pura que somos, enquanto seres dotados de inteligência e intuição verdadeiras. Esta é a mais nobre missão do ser.



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