Selecione as suas companhias. Analise os grupos de que faz parte.
No confronto da realidade diária e quotidiana, o aspeto que ressalta, e que é mais relevante, é o do nosso encontro com os outros. Toda a dinâmica da nossa existência se estabelece tendo por base as relações que desenvolvemos com todos aqueles que nos rodeiam e os grupos que, voluntariamente, integramos. É bem certo o ditado: “Diz-me com quem andas, dir-te-ei quem és”. Na sabedoria popular, este ensinamento, que se expressa de uma forma tão simples, encerra uma grande verdade. De facto, nós, todos nós, somos permeáveis aos outros. E, de certa forma, os outros são um espelho de quem nós somos. Digamos que cada ser com quem eu me relaciono reflete uma certa imagem de mim, uma certa parte, ou partes, de mim, de quem eu sou, da minha verdadeira natureza. Por isso, devemos estar atentos ao reflexo de nós próprios que se manifesta em todo e cada um dos seres com quem nos relacionamos. Se os nossos amigos são agressivos, maldizentes, arrogantes, egoístas, mesquinhos, é sinal de que algo disso mesmo existe em nós próprios. Pode não existir no mesmo grau de grandeza, mas seguramente algo dessa qualidade está presente no nosso ser mais íntimo. Caso contrário, a Vida, a partir de nós próprios, encarregar-se-ia de criar um afastamento ou uma cisão. E isto é tanto verdade que qualquer indivíduo que se encontre numa caminhada de amadurecimento interior verifica que a realidade exterior vai também ela mudando à sua volta. Manifestação disto mesmo é o afastamento de certas pessoas na sua vida. Na maior parte dos casos não há zanga nem fricção. O que apenas acontece é um processo natural de distanciamento motivado pelo facto de já não existir uma dinâmica de interação entre duas ou mais pessoas ou entre uma pessoa e um grupo. Digamos que as características do indivíduo se transformaram e os outros já não são mais o espelho da sua natureza. Não raro, este itinerário de vida, é desafiador. O indivíduo que não cristaliza numa forma estática encontra, no seu caminho, as dificuldades próprias do processo que está a realizar. E essas dificuldades são que, não raro, muitas vezes, se tem de confrontar com a realidade de não existirem outros à sua volta. Contudo, se o seu processo de transformação interior for dinâmico e saudável, o indivíduo pode estar certo que esses momentos são apenas transitórios. Do curso natural da vida, resultará um equilíbrio, traduzido no encontro com outros e novos seres ou grupos, capazes de potenciar aquele que é o patamar da nova maturidade alcançada. Por isso, é tão importante refletir e analisar a dinâmica da nossa relação com os outros. Estar ao lado de alguém sem convicção, participar em diálogos sem um envolvimento de verdade, ser por imitação e apenas para colher uma falsa ideia de pertença são procedimentos absolutamente errados e apenas ditados por uma imaturidade interior que se traduz numa falta de confiança em nós próprios e que não promove o florescimento do nosso eu real.
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