Que aventura é esta, na qual nos encontramos,
no meio da sociedade e da vida?
Esta é a aventura da existência: este é o desafio
de encontrarmos em nós próprios algo mais do que
uma personalidade, moldada e adaptada ao quotidiano
e aos outros, moldada e adaptada às regras que
obedecem às vozes que pululam à nossa volta. E esse
algo mais é a nossa individualidade una, pessoal,
irrepetível.
Muitas vezes, o mal estar que advém em nós sucede
do despertar desta individuação, em que ao mesmo
tempo que não nos reconhecemos já na imitação do
comportamento
do colectivo, ainda não adquirimos uma acção própria
e individualizada. Este período de transição pode ser longo;
trata-se de um despertar cheio de avanços e de recuos, em
que as dúvidas e as incertezas estão presentes.
Sempre é mais cómodo, e aparentemente mais seguro,
sacrificarmos o caminho da nossa verdade se ele nos afasta
do caminho trilhado por todos os outros. Na verdade, somos
e estamos condicionados, desde que nascemos, e isso
impede-nos de ver e observar para além do enquadramento
mental do colectivo.
Mas, a verdade, é que cada um de nós é um ser, é um
indivíduo.
E, enquanto indivíduo, projecta-se a partir de nós uma
autenticidade própria e única à qual precisamos de dar forma.
Qualquer sociedade, para conforto e tranquilidade, quer-nos
cópias repetidas, previsíveis e programadas. Estas cópias
idênticas
não põem em causa estruturas, instituições, normas. Estas
cópias idênticas adaptam-se porque foram programadas para
se adaptarem. Não questionam nem tão pouco se interrogam.
Aceitam. Justamente, ao contrário, quando alcança a
individualidade,
o ser adquire uma consciência nova e mais profunda,
que lhe permite prosseguir sem condicionamentos.
E, então, o que o orienta é a sua verdade interna.
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