Vivendo aprisionado nas teias da mente,
o ser humano não é capaz de atingir um grau
de consciência mais elevado. Pode tactear nos
meandros de uma ilusão que o leva a pensar que
está certo e que os caminhos que segue são lúcidos,
mas, no fundo, está longe de si mesmo e da sua autenticidade,
está longe do seu verdadeiro ser.
Enquanto o passado aprisionar o nosso presente; enquanto
o futuro condicionar a nossa forma de estar; não há lugar
para um movimento inteligente.
Erradamente, associamos inteligência ao plano mental.
Mas, justamente, é quando nos libertamos dos condicionamentos
desse mesmo plano da mente, que atingimos uma inteligência
superior.
O plano mental dá-nos uma falsa segurança: perspectiva a nossa
existência a partir das memórias e das projecções – pode até
dar um sentimento de bem-estar... porque, vivendo apenas
ao nível da personalidade, nos faz pensar que na narrativa da nossa vida
há um contínuo e uma unidade em nós mesmos.
Mas, essa unidade, que realmente existe,
está presente, sim, numa dimensão superior, para além da mente;
é uma forma de consciência que se adquire quando o movimento
em nós abranda e o pensamento deixa de ser uma obsessão.
Existir está para além da mecânica do pensamento. Existir é, acima
de tudo, Estar. E este Estar evidencia tão somente aquele
sentimento de presença real, que é eterno, e que está para
além dos enredos da mente.
Atingir a consciência de si, vai muito para além de pensar em si e
nos aspectos e detalhes particulares de uma existência.
Atingir a consciência de si,
inscreve-se numa outra escala de grandeza. O silêncio,
a quietude mental, é talvez a forma mais próxima de
espelhar esta inteireza. Por isso, os meandros da mente
devem ser pacificados e os seus caminhos devem ser limpos.
Esquadrinhar ladainhas de lamúrias, de medos e desconfianças
não é um exercício saudável – ao invés, orientar o pensamento
para a paz e para a meditação, permite aceder à dimensão
da consciência e da sombra ascender à luz. E a luz não é
senão o encontro da inteireza em nós em cada momento da vida.
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