Identidade
Como sempre, desde sempre, a sociedade não quer
ser perturbada. É da sua natureza procurar a regra e a
norma que disciplina todos os indivíduos, até mesmo os
que se dizem os mais corajosos e os mais rebeldes.
Por isso, não é fácil, no meio de uma multidão, encontrar
ainda que seja um só ser que se distinga da imensa massa
anónima, sem identidade, que forma cada uma das sociedades
do mundo. Na religião, ou na ausência dela, na política,
na cultura, na arte, o homem segue a corrente institucionalizada.
E essa corrente condu-lo pelo caminho mais estreito da vida.
O caminho onde não há veredas para explorar, nem bosques
para descobrir, nem montanhas para escalar. Este caminho, que
aparenta ser seguro, na verdade não o é. Na verdade, este
é o caminho que não permite o desabrochar do pensamento
próprio e pessoal nem a individuação do ser. Neste caminho,
não há criatividade genuína nem autenticidade verdadeira.
Neste caminho, o homem será apenas um simulacro de vida,
sem largueza de espírito nem ideias próprias.
Ao contrário, um pensador livre, um homem despido de
amarras e descomprometido, trilha a sua própria estrada e
não o caminho estreito que a sociedade lhe propõe para ele ser
aceite.
Quem assim faz está no mundo com toda a consciência de
quem é e do sentido da existência. Possivelmente, movimenta-se
na sociedade da mesma forma que todos os outros, mas a
atitude é diferente. Terá de ser um rebelde? Terá de ser um
revolucionário? Terá de ser um génio? Sim e não. Possivelmente,
passará até despercebido. Talvez, como peça solta que se move,
a grande multidão nem repare nele. Talvez, na sua inteireza
verdadeira, nem sequer queira ser notado. Mas, no fundo do seu ser,
haverá uma verticalidade absoluta que o eleva. Estes indivíduos que
têm uma natureza única equivalem-se seja qual for o país de origem,
seja qual for a cultura, ou a região onde vivam. O que os distingue
dos demais é que têm em si a qualidade primeira do ser humano,
a individualidade. São verdadeiramente indivíduos, no sentido de
que assumem uma identidade. E nada é mais importante para o
homem que ser quem É.
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