Invariavelmente, quase toda a gama de reflexões,
na área do pensamento pós-moderno
em torno da vivência e da espiritualidade,
se debruça sobre a importância do Tempo.
Defende-se, justamente, que o passado e o futuro
são inexistentes e que o Homem não dispõe senão de
um eterno agora – ou seja, um Presente, que é um instante
contínuo.
De um ponto de vista estritamente filosófico, é correta
esta evidência; contudo, há passado tal como existe futuro!
Porque,
na abrangência de uma mente humana, estas categorias
inscrevem-se como relevantes, necessárias e específicas. Do
passado, a história,
recolhemos as lições e os casos memoráveis que são, e devem
ser, o nosso
esteio de vida no que diz respeito à nossa ação do presente.
Sem esse passado,
amnésico, portanto, o indivíduo perderia todos os vínculos
sociais e humanos
e seria como um descamisado sem raízes que são a seiva dos
ramos. Rememorar
o passado, meditar sobre os acontecimentos, procurar clarificá-los
e
compreendê-los, é trazer luz sobre um património imensamente
valioso e traduz-se num cúmulo de Sabedoria. Quanto mais
velho mais
sábio… o que devia ser sempre uma Verdade. Quanto ao tempo
futuro…
O futuro é a porta da esperança que se abre ante o
indivíduo. Como alguém
já disse, com esperança podemos suportar quase tudo. Assim,
é o tempo futuro
a visão que temos de um amanhã realizável; adormecemos
mais sossegados, perante a segurança do tempo
futuro que será o novo dia
e a nova manhã, quando acordarmos. O futuro é o tempo
que permite e potencia a dimensão do Sonho,
da inovação, da mudança;
é o futuro o construir no presente o que pode vir a ser –
o futuro é o potencial do génio humano: é dizer «amanhã
plantarei
a semente» e poder ver no presente a árvore completa.
Assim que uma vida humana se constrói
necessariamente na dimensão material (e imaterial) de um Espaço
e na múltipla natureza do Tempo.