11. Percurso



          Tenhamos a alegria de dar alegria. Ajamos, no mundo, visando à felicidade e ao benefício dos outros.


Nem sempre é fácil acreditar, e ter presente, que sermos, para os outros, agentes de Paz, de bem-estar e de harmonia, cumpre um objetivo de vida. Na verdade, de algum modo, todo aquele que faz o bem e procede com cordialidade para com outro deseja e carece de uma palavra de apreço do seu semelhante. Não é portanto fácil fazer o bem, proceder com bem, e recolher dos outros o desdém, a humilhação ou o sentimento ínvio da inveja que não dá azo ao reconhecimento de um valor humano.

Nem sempre é fácil; contudo, digamos, que é necessário. É necessário sermos capazes de agir no mundo, tendo como fito a felicidade de quem nos rodeia ou de quem nos é próximo. É necessário este valor maior, totalmente abnegado, de dar o melhor de si mesmo aos outros, e, através dos outros, dar o melhor de si mesmo ao Mundo. Este é o nosso contributo humano e individual – o único possível numa vida. E a verdade é que não há outra forma de contribuir positivamente para o bem comum, o bem do Mundo, se não através daqueles que a Vida colocou ao nosso lado.

Mas há uma linha de fronteira – uma ténue e difícil de distinguir linha de fronteira – que permite a cada um perceber até aonde deve ir na sua atitude abnegada de fazer o bem, quando o retorno é desgracioso ou até violento. E, embora seja certo que cada um tem o seu karma, no sentido de que fazer o bem implica uma atitude particular de um certo indivíduo e que retribuir com o mal implica uma outra atitude particular de um outro certo indivíduo, o certo é que o Bem vence – porque só o Bem pode vencer – e, de algum modo, fazer o Bem implica, de alguma forma, um retorno equivalente desse Bem, nesta ou noutra vida.

 Poder-se-ia dizer que existe nesta atitude, então, uma nota de egoísmo e de interesse pessoal. Mas não é assim. Um indivíduo que, por natureza interior, visa e promove o bem à sua volta, desenvolve uma ação espontânea e natural em si mesmo e, na verdade, nem sabe, nem é capaz, de agir naturalmente de uma outra maneira. O seu primeiro pensamento não é de todo o que ele vai ganhar com a sua ação. O seu ato é antes uma extensão de si  e o seu pensamento dirige-se em direção aos outros e não em direção a si próprio.

E, com isto, se define um certo e particular percurso de vida e não é possível, porque isso iria contra a natureza do seu Ser, um homem ou uma mulher alterar esta que é a base da sua Consciência – congregar, à sua volta, o Bem, a Harmonia e a Paz.


Um homem na cidade

Todo o espaço natural é mais vibrante e são e o homem carece do contacto com amplos espaços abertos, onde possa respirar e fruir...