Vigiemos a imaginação. Nos preocupados, a imaginação é destrutiva; nos génios, ela é
criadora. Conquiste a sua imaginação
e leve-a para uma direção construtiva. Use o poder ilimitado da sua imaginação
para fazer de si mesmo um retrato mental positivo. A imaginação que tem força
para desgraçar, tem poder para salvar.
Tudo
começa e acaba no nosso plano mental. A consciência de nós próprios, e do mundo
à nossa volta, advém das características da nossa mente e, por entensão, dos
nossos processos imaginativos. Perante um dia radioso de sol, ou perante um dia
sombrio de névoa e de chuva, um mesmo indivíduo, ou indivíduos diferentes,
podem ter emoções distintas, motivadas e assentes no enquadramento mental em
que se encontrem. Uma natureza imaginativa depressiva não encontrará num dia de
sol o alento suficiente para uma harmonia interior própria; uma natureza
firmemente otimista sublevará a densidade sombria dum momento particular da
natureza e encontrará, no fundo de si mesmo, a força e a harmonia que se
requerem para um centramento forte e positivo perante a vida. Numa primeira
análise, poderíamos afirmar que um certo indivíduo tem uma particular natureza
que o define e a ela e por ela está condicionado nos seus movimentos na vida.
Mas, de facto, na verdade, não é exatamente assim. Naturalmente que existe uma
predisposição particular em cada um de nós. Esta predisposição natural é
motivada por aspetos muito particulares da nossa existência humana e pode ir
desde o núcleo familiar e de proximidade com outros em que nos desenvolvemos e
crescemos, até às condicionantes maiores de tecido social e estrutura política,
e até religiosa, de um dado país, ou grupo cultural ou humano em que estamos
inseridos. Também a nossa herança genética e as nossas particularidades
intrínsecas ao nível da química neurológica do nosso cérebro estão na origem de
uma dada predisposição humana em detrimento de uma outra. Mas, apesar de tudo
isto ter, inegavelmente, um peso significativo e particular, um ser humano que
tenha adquirido um certo grau e nível de Consciência pode, e é capaz, de
alterar e modificar, em larga medida, circunstâncias mentais que
desfavoravelmente o condicionem. Ou seja, é efetivamente possível a dado
momento da vida congregar esforços para direcionar num sentido mais favorável a
nossa imaginação. Esta mesma imaginação que nos pode ter desgraçado pode
efetivamente, simultaneamente, ser a nossa tábua de salvação; pois é sempre a
partir do nosso plano mental que se efetiva uma transformação da realidade
interior da nossa existência. E, naturalmente, se existe uma realidade externa,
também existe uma realidade interna. E, quantas vezes, não é justamente essa
realidade interior que provoca o desmoronar de uma vida humana. Contudo, é
possível, através de uma disciplina rigorosa e de um processo que vise uma
efetiva alteração, transformar, progressivamente, e, dando pequenos e grandes
passos de mudança, ser capaz de controlar a imaginação e ser capaz de a
conduzir para um terreno mais favorável. Naturalmente, que este é um processo
que pode até ser bastante demorado, ou seja, modificar um determinado
enquadramento mental de certo modo fixo e rígido não sucede, como por milagre,
de um dia para o outro. Mas, havendo um propósito firme e uma consciência bem
estruturada e definida, é, de facto, possível concertar uma transformação.
Então, mediante este processo, todo o plano mental passa a estar ao serviço de
uma imaginação criativa e mais lúcida capaz de tornar o nosso enquadramento no
mundo mais útil a nós e a outros. E, deste modo, as emoções que experimentamos
encontram, num alicerce imaginativo do ser humano, uma mais firme e robusta
direção, através da qual o homem vivifica e cresce.